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" Viva a Poesia! "

sábado, 6 de fevereiro de 2010

A CAÇA (Lubricidade)


















O gingado provocante da “perua” que desfila insistentemente pelos corredores busca e rebusca os olhares masculinos, femininos e às vezes lésbicos.
Olhares de tara, olhares de inveja, olhares de sonhos e de desejos. A “perua” da qual falo não é a mesma “perua” descrita no Aurélio, pois essa não tem nada de cafona, também não é a fêmea do peru e nem tampouco tipo de caminhonete.
Lentos e sincronizados passos fazem com que suas rígidas e bem desenhadas nádegas movimentem-se numa vicissitude sensual.
-Olá. Boa noite! -Assim aproxima-se intencionalmente o dono de uma voz forte e rouca. Calada, como estava, ela permanece. Sequer um “oi”. Sentado em um dos bancos frios do corredor principal agora encontra-se aquele inebriante corpo feminino.
-Posso sentar-me ao teu lado? -Insiste o galanteador ansioso. Sem resposta. Mas, de imediato ele senta-se. Permanecem calados por alguns minutos, quando novamente ele libera sua voz mecânica e rouca.
-Sabias que tens lindos olhos? -Ela desvia o olhar à esquerda, lado oposto, e sacode seus cabelos com uma das mãos.
-Sabias que te observo há tempos? -Com um bocejar de desprezo agora ela desvia os olhos ao teto amarelado e sujo.
Levanta-se aquele escultural corpo sustentado por torneadas belas pernas. Mais um sacudir de cabelos. Silenciosa, parte pelos corredores a exibir aquelas divinas curvas.
-Um “tchau”, ao menos um olá, hein? -Insiste o teimoso garanhão de voz áspera e cavernosa. Mas, ela se vai. Sem pronunciar sequer uma sílaba ela o deixa ali sozinho.
Dia seguinte. Próxima noite.
Parecia mais provocante o desfile pelos corredores. Aquela “perua” (digo “perua” por não querer criar qualquer nome simplesmente) novamente magnetizava os olhares de cobiça, os olhares desejosos, os olhares de inveja. Senta-se no mesmo banco.
-Olá. Boa noite! Tudo bem? -E a mudez já irritante (meu ponto de vista) persistia.
-Lembras de mim? -Não mais pediu permissão para sentar-se. Não mais perguntou se poderia sentar-se. Simplesmente e de imediato senta-se.
-Sabias que tens lábios “apetitosos”? -Desta vez ele fora mais direto e talvez até mais libidinoso devido aquele olhar penetrante e aquela voz forte, rouca e agora mais pausada.
-Tu sabes que te observo há tempos! -Não mais indagou. Desta vez afirmou. Porém, se ele mudara, ela permanecera a mesma, calada, fria, uma “geladeira”. Ele cala-se.
Aproxima-se dos dois um outro corpo não menos belo, outros olhos, outros lábios não menos excitantes. Aproxima-se e pára em frente. Uma beldade! Deveria ser as figuras femininas mais enlouquecedoras que aquele rapaz havia observado.
Ligeiramente um toque de mãos entre elas. E ele observando. Um beijo labial ou de língua. E ele observando. Levanta-se a “perua”, coloca o braço sobre o ombro da outra e as duas vão se afastando.
-Um “tchau”, um “adeus” ou o teu nome pelo menos, hein? -Apela inconformado o rapaz.
Ela olha para trás, olha nos olhos dele, e com uma voz muito mais forte, muito mais mecânica, muito mais rouca, muito mais áspera e cavernosa que a dele diz:
-Carlão.






(Imagem retirada da Internet)

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