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" Viva a Poesia! "

segunda-feira, 29 de março de 2010

OS OLHOS DO PAÍS ESTÃO NA FILA

Vesgos, caolhos, cegos, sadios,

Verdes, castanhos, negros, azuis,

Ansiosos, vidrados, inquietos, vadios,

Por trás de lentes, óculos, contato, nus.


Por trás de lentes escuras, bifocais, grau,

Lentes baratas, caríssimas, distintas,

Plástico, vidro, resina, cristal,

Paciência, descaso, dignidade extinta.


É a fila infinita dos conformados.

É a espera pacífica do ser humano,

Donos de olhos rasos, estreitos, arregalados,

Dirigidos às nucas neste país insano.


Olheiras, brilhantes, lacrimejantes, curiosos,

Naturais, lentes azuis, verdes, catarata.

Leitores bíblicos, de extratos, honestos, criminosos,

Leitores de cheques, recibos, dívida, duplicata.


Outros olhos estão a nos observar,

São as lentes das filmadoras automáticas,

Não lacrimejam, não são vesgas, função: – vigiar.

Apenas vigiar o descaso à fila nesta nação apática.

Ponto(s) de Interrogação

Pra que tanta beleza

Se não posso enxergar

Pra que essas lágrimas

Se eu tenho que esconder


Pra que tantas regras

Se eu tenho que quebrar

Pra que tantos sorrisos

Se eu teimo em sofrer


Pra que tantos disfarces

Se eu não consigo usar

Pra que tanta divindade

Se eu não consigo crer


Pra que tantos conceitos

Se eu não sei explicar

Pra que tanta coragem

Se me obrigas a temer


Pra que tanto oxigênio

Se não consigo respirar

Pra que tanta inspiração

Se não devo escrever


Por que me fizeste poeta

Se não posso me apaixonar

Por que o paraíso

Só depois que morrer.

P.Q.P.

Com toda loucura

Livres no início da noite

Aceitam o passado,

Ultrajante, talvez;

Desmoronando toda sanidade,

Ignorando a tristeza súbita,

Observando o invisível desejável

Numa mesa, em outra mesa;

Os loucos gritam, os loucos tornam-se

Rigorosamente apaixonados.


Concentram-se ao passado,

Loucamente esses tais insanos

Arquitetam num futuro breve

Um outro início de noite,

Doidamente menos romântico;

Imediatamente esquecem

O que os tornariam normais.

Não gritam mais, são lúcidos;

O futuro não interessa tanto,

Resmungam agora o presente.

NEM SEMPRE DEIXAR DE VIVER É MORRER

Ainda queima o fogo,
Ainda ferve o sangue,
Ainda brilham os olhos,
Ainda rolam as lágrimas.

As previsões permanecem,
As ilusões atormentam,
As noites prolongam-se,
Os dias são lentos.

Ainda insistem os atos,
A decepção presente firma-se,
Ainda arde o peito.

Ainda falha a voz,
A dúvida é explícita,
Ainda vivo, ou já morri?

A MULHER



A mulher é verbo!
Devemos conjugá-la,
flexioná-la,
concordá-la.

A mulher é adjetivo!
Qualifica,
danifica,
edifica.
É verbo ao mesmo tempo.

A mulher é adjetivo!
Agora eu tento.
Qualidade,
danificação,
edificação.
É substantivo ao mesmo tempo.

A mulher é adjetivo!
Agora é.
Acolhe,
expulsa,
atrai.
Outra vez o verbo!

A mulher é conectivo!
Tento outra vez.
Liga,
separa,
ata.
Preconiza!
É mulher...

A mulher é substantivo!
Disfarces,
espera,
repulsa.

A mulher é a palavra!
Origem,
início,
meio,
fim.
Complicação enfim!

A mulher é preposição!
DE várias expressões.
COM muitos mistérios.
SEM elos constantes.
É mulher!
Conecta...
Desconecta...

A mulher é antônimo!
Contraria seus sentimentos.
A mulher é sinônimo!
Assemelha-se ao seu avesso.

A mulher é gramática!
Ela manda / desmanda.
Ela banca / desbanca.
Ela monta / derruba.
Ela dissolve / levanta.

A mulher é mulher...

ANTES, VAZIO, DEPOIS

Nas luzes que iluminam
A rara vegetação sob o orvalho,
Imagino os teus olhos
Brilhando diante da minha paralisação.

No silêncio de todas as madrugadas
Sob minha poesia inesgotável,
Imagino a tua voz
Indagando minha interrogação.

Na brisa do despertar matinal
Sobre minha face cansada,
Imagino as tuas mãos
Impedindo minha ação.

No barulho do dia agitado
Entre pessoas e máquinas,
Imagino o humano que deverei ser
Diante do inesperado “não”.

Nas luzes, no silêncio, na brisa,
Sob o breu, o barulho, o sol,
Imagino e desejo para sempre
Segurar ou tocar a tua mão.

domingo, 28 de março de 2010

FADINHA

Eles olham

Eu vejo


Eles caminham

Eu chego


Eles babam

E nós nos lambuzamos.

ENTORPECIDO




E o cinzeiro me olhava,
E os palitos, ali, parados.
Talheres, canetas, papéis, cinzas,
Misturavam-se no piso cinza.

Espirais, odor, sandálias, cigarros,
E os limões, ali, parados.
E o único olho do cinzeiro
Olhava-me com olhar cinza.

Fumaça, cheiro, calçados, drogas,
E o ácido, ali, aguardava.
E o argueiro no olho do cinzeiro
Preenchia o espaço da ferrugem.

De repente percebi que te via,
De repente percebi que te sentia,
De repente percebi que sou cego,
De repente, dormente, fechei meus olhos.

quinta-feira, 25 de março de 2010

LUZ


Por trás dessas retinas
Há um mistério a ser desvendado,
Embriagas todas as loucas meninas
Que existem num recanto sóbrio-recatado.

Recanto em ti no canto canto,
Pensativa, pensativo, pensativos somos.
Dentro de mim meu diabo é santo,
Adjetivo que nunca tivemos, nunca fomos.

E a luz insiste nesse teu olhar,
Luz que antes minúscula – agora gigante.
Luz que sempre estivemos a esperar
E despertar o teimoso sonâmbulo amante.
Luz (Majal-San)

quarta-feira, 24 de março de 2010


Esperma
Embrião
Feto
Bebê
Criança
Adolescente
Adulto
Ancião
Cadáver
Ossos
É tudo pó.

O surdo ouve tudo,
Mas, o mudo não quer dizer nada.
O cego fecha os olhos ao imoral,
Um imbecil grita com um gênio,
E o plebeu dá um banquete aos magnatas.

Um esperma é fértil, outro não.
Uma criança é feliz,
Um ancião à miséria.
Cadáveres identificados,
Outros mutilados.
Ossos curtos,
Ossos longos;
Pó,
É tudo pó.

PRONOME OBLÍQUO

Disseram que esse planeta é redondo

Disseram que esse globo gira

Falaram que o barulho foi estrondo

Falaram que quem muito pensa “pira”


Ouviram quando eu disse: pára!

Escutaram quando eu disse: basta!

Comeram dessa carne rara

Expeliram nessa cova vasta


Disseram que o cheiro excita

Disseram que o orgasmo cansa

Gritaram depois de várias voltas


Gritaram tudo que irrita

No globo “fizeram” a dança

Encontraram-se em outras revoltas.

PASSAGEIRO

Ele já foi algarismo

já foi letra

Ele já foi número

já foi palavra


Hoje pele na pele

Contato

Aroma ao ar

Olfato


Hoje toque na face

Contato – à face

Excitação explícita

Sem tato


Hoje parei.

UMA CRINA NO PAÍS DA CALVÍCIE

Iludibriáveis observações

Tornam-me acautelado,

E em minhas precauções

Vou também olhando de lado;


De lado, à retaguarda, à frente,

Olho pra baixo, pra cima,

Magnatas de mentes indigentes

Podem de repente cortar minha crina;


Uma crina tão simplória...

Cortar, pra que cortar?

Só porque ela tem história?


Hiperbólico não preciso ser,

Por impercebido, poderei passar!

Minha careca deixarei aparecer.

O RESGATE

Submerges nos rios de minh’alma

Ris em minha oculta tristeza

Ocultas o beijo que me acalma

Pules a já existente beleza


Mentes para o meu pranto abrandar

Cobres meus versos com leituras apressadas

Acodes gestos para o meu sangue estancar

Amarras minhas veias em vias “transitadas”


Onde dirás que minha estrada findou?

Onde estarás na “submersão” do meu ser?

Quando dirás que nada disso era amor?

O que farás se por acaso eu viver?

ESTRANHO

Germes vertebrados gritam;

Um incompreensível som ecoa.


Seres emudecem no banheiro público,

Apenas a urina provoca na latrina

Um barulho contínuo, mas finito.


Homens invertebrados gritam e calam,

Um incompreensível som ecoa e ecoa e ecoa...


De repente silêncio total.

A PERTINÁCIA CONTRA A AMBIÇÃO

Surge do imaginário inocente, nasce da ainda não trabalhada mente um ser fantástico. Será real esse ser estupendo? O certo é que passeia na imaginação infantil e fértil de um outro ser. Seicilan é um garoto ativo, realizador e vive na utopia de uma criança. A bela criança que atende por Bela viaja intimamente em um quase interminável silêncio, mas, quando dirigidas a si algumas palavras, ela menciona o nome de seu amiguinho e conta aventuras maravilhosas vividas com o tenaz Seicilan.

Quando o sol esmorece e esconde-se entre algumas montanhas no horizonte já é final de tarde. Faz-se presente um lindo cavalo branco, crina eriçada, com arreios resplandecentes, e sobre esse cavalo um menino numa armadura dourada. Cavalgando por entre os campos de girassóis com destino ao grande castelo. Lá está o seu objetivo, naquele final de tarde fria. Uma dama, pequenina dama encontra-se em apuros, Seicilan ouvira estridente seu grito de socorro. Bruxas cegas, porém, malvadas mantêm em cativeiro uma inocente criatura. Apenas por perversidade privam aquela pequenina de sentir a brisa, os raios solares, o poético luar, tudo o que significa liberdade.

O castelo é rodeado por guarnições fortes e adultas, armadas e estratégicas, cruéis e intransponíveis. E agora? O que fará o herói de Bela? Seicilan, diante de toda dificuldade, volta ao seu velho rancho e consulta o seu mestre, o ancião feiticeiro.

-Mestre, é impossível para um único guerreiro invadir aquele castelo. -Profere Seicilan, decepcionado.

-Para um obstinado nada é impossível. -Retruca o feiticeiro.

O mestre toma em suas trêmulas mãos um recipiente contendo um líqüido poderoso e explica ao garoto o que deve ser feito. Ele sobe em seu cavalo e retorna ao castelo. Chegando em frente à guarda principal, diante do enorme portão ele grita:

-Atenção respeitáveis guardiões! Atenção! A rainha promoveu uma grande competição. O vencedor será herdeiro da coroa. -A rainha era uma velha senhora, solitária, à beira da morte e possuidora da maior parte de terras daquele lugar e Seicilan um garoto no qual todos depositavam total confiança.

-Qual será a prova? -Perguntou ansioso o comandante da guarda.

-Natação. Aquele que chegar primeiro à outra extremidade do rio será o vencedor e futuro rei. -Todos preparam-se e partem a nadar. O garoto havia colocado o potente líqüido sonífero nas águas do rio, assim que atravessam todos caem em ronco profundo.

Com sua espada em punho Seicilan invade o castelo, depara-se com as três bruxas cegas ao redor de um caldeirão enorme. À esquerda está Bela, sentada sobre os calcanhares a chorar.

-Calma, minha princesa! Estarás salva num instante. -O herói gira as três bruxas. Cegas, atordoadas e já perdidas, tropeçam e caem no caldeirão de água gelada. Tremem e roem os restos de dentes rangendo de ódio da derrota.

Seicilan pega na mão de Bela e dirige seus passos fracos e lentos até o portão. Sobem em seu cavalo branco e cavalgam juntos entre os campos de girassóis. Olham para trás e vêem guerreiros de mentira, por causa do poder, da ganância, em sono excessivo.

SE

Queria ver apenas um corpo

Queria sentir apenas um perfume

Queria ver apenas lábios

Queria sentir apenas o momento

Queria ver apenas um gesto

Queria sentir apenas uma reação

Queria ver apenas um olhar

Queria sentir apenas a verdade,

ou a mentira?

Ou a verdade? Ou a mentira?

Gostaria de te sentir!

ANOMALIA

Provocar o teu arrepio

Não me deixa eriçado

Provocar o teu silêncio

Não me deixa calado


Provocar a minha mudez

Não te deixa indecisa

Provocar a minha ereção

Não te deixa concisa


A coerência não é nítida

A razão não é perfeita

O arranjo não é concreto

O problema é a receita


O planejar complica

O esperar atormenta

A provocação implica

A anomalia que a paixão inventa.

DESERTO

Será que esqueceste
a noite mais curta?
Será que esqueceste
a lua mais tímida?

Outras noites - curta!
Tentarei te esquecer.
Outras noites - sinta!
Tentarei não te ver.

Outras luas - medito.
Tento não me derramar.
Outras luas - escrevo.
Tento não te mencionar.

Será que esqueceste
a madrugada tão próxima?
Será que esqueceste
a manhã tão distantes?

Outras madrugadas - curta!
Tentarei sobreviver.
Outras madrugadas - sinta!
Tentarei não sofrer.

Outras manhãs - medito.
Tento não chorar.
Outras manhãs - escrevo.
Tento não gritar.

Será que não esquecerei?
As noites são infinitas!
Será que não esquecerei?
As luas são explícitas!

Será que não esquecerei?
As madrugadas são vazias!
Será que não esquecerei?
As manhãs são vazias!

Desejo noites curtas.
Desejo luas invisíveis.
Desejo madrugadas distantes.
Não desejo manhãs.


PALAVRAS




I
Esvoaçante matriz
Que há muito não produz,
Ontem quando eu te quis
Estavas longe da luz.

Delirantes abrigos
Que há muito não guarda,
Ontem eu quis os amigos,
Irônica disseste: Aguarda!

Agonizante verdade
Que há muito não aparece,
Hoje quando te invade
De repente me enlouquece.

Insistente mentira
Que há muito nos persegue,
Enquanto esse globo gira
Fingimento é o que segue.

II
Adjetivos sinônimos
Que já se esgotaram
Para te qualificar...
Os meus versos calaram!

Léxico indigente
Que já se evaporou
Para vir enunciar...
Aquele poço secou!

Palavra sem sentido
Que já foi dispensada
Do meu texto vulgar...
Interpretação tão quadrada!

Linguagem indiferente
Que já foi condenada
Pelo teu observar...
Interpretação tão quadrada!


III
A matriz foi quebrada,
Nada mais produz,
Chegaste injuriada
E apagaste a tal luz.

Os abrigos foram quebrados,
Nada mais se guarda.
E os amigos renegados
Em outras noites pardas.

A verdade foi esquecida,
Nada mais incomoda.
As rimas distorcidas,
Loucos estamos na roda.

A mentira permanece
E o globo ainda gira.
O fingimento não me esquece
E a esperança se retira.

IV
Reabastecendo-se de adjetivos
“Sinonimizam” outras palavras.
Nos meus olhos perseguidos
Agonizo quando entravas.

Enunciam sentimentos
Na evaporação de nossas vidas.
No fundo poço pensamentos
Numa língua esquecida.

A palavra esquecida,
Que outrora dispensada,
Faz falta a atrevida
Na minha estância mal rimada.

A linguagem indiferente,
Que outrora condenada,
Faz falta a indigente
Na interpretação tão quadrada!

segunda-feira, 22 de março de 2010

WWW

Cinzas claros mortos
ou vivos verdes quase
Fechá-los não adianta
Imagino
Silêncio sorriso camuflado
Paralisação fitar mistério

Contornos umidade incógnita
Desviá-los não adianta
Procuro
Em silêncio
sem sorriso
Camuflados.

VINI

















Meu sangue, meu pedaço;
Agora estou completo, estás aqui.
Reanimo a todo tempo, não há cansaço;
Com tua presença estou contente, devo sorrir.
Ultrapasso os obstáculos, tristezas pro espaço;
Sei que estás aqui, “tua voz hei de ouvir.”

Voam pensamentos tantos,
Imagino o nosso futuro...
Não sei como será, sei que estás aqui.
Íntimos momentos, belos cantos,
Com certeza teremos, ouviremos;
Incógnitas, mistérios vamos descobrir.
Um pedaço de mim, meu sangue;
Sou um homem completo, “eu tenho a ti.”

OUR TOWN CORNERS

I need your touch on my face
Your kisses for ever and ever
On my mind it's your place
In my heart here forever

I need your touch on my hand
Your smile, your happiness
Your absence I don't understand
My anxiety it's my stress

When I'm with you I feel free
I'm always looking for your eyes
Then you're in all I see

We don't care the spies
Because we've that freedom
And the danger is the spice.

INFLEXÍVEL-PADRÃO-AUTÊNTICO


Escreverei minha poesia espontânea.
À merda a métrica,
Danem-se as rimas,
O estilo surgirá,
O tema é a interpretação,
A interpretação é pessoal,
“Como cu, cada qual tem o seu”.

Foda-se o decassílabo,
Tudo aqui é um prostíbulo,
Puta que pariu, quase rima!

O eufemismo aqui não tem vez;
Bosta é bosta, as fezes, o excremento,
A mesma fetidez;
Olha a tal rima querendo aparecer.
Mas, foda-se tudo!

Sinestesicamente dane-se
O odor arroxeado das insípidas
E irritantes poesias.

DEDICATED TO MISS STRAMFORD

She looks daggers at me.

Her eyes really drove me crazy.

So, the silly got into a tangle,

I fell in love with her,

things got out of control.

I shouted to myself:

She’s somewhere about!

Everybody heard me.

I couldn’t hear a thing.

She couldn’t hear a thing.

Today I can only just see

my eyes in the mirror.

There’s no mirror,

today there are only her eyes.

No mirror, but I see my reflection.

Sad reflection.

MARMIAL

Toc! Toc! Toc!

Toque-me agora...


Game! Game! Game!

Game me outrora...


Sim! Não! Sim!

Sim senhora...


Slupt! Slupt! Slupt!

Slupt me sem demora...


Não! Não! Não!

Por que agora?


Assim! Assim! Assim!

Sim, sem hora...


Agora... outrora... hora...

Ora! Persistência!


Game! Game! Game!

Sacode! Turbulência...


Toc! Toc! Toc!

Mas que violência!


Slupt! Slupt! Slupt!

Caramba, quanta insistência!


Bah! Pou! Tum!

Argh, clemência!


Humm! Humm! Humm!

Slupt! Game me! Ah!


És excelência.

quarta-feira, 17 de março de 2010

PERDIDO

Droga!
Não estou vendo nada.
Estou surdo.
Não estou ouvindo nada.
Estou mudo.
Não estou sentindo nada.
Estou cego.

Quero correr.
Os braços adormecem.
Quero bater.
Faltam-me as pernas.
Quero chorar com tudo,
De tudo sorrio.
Quero sorrir de tudo,
Contudo eu choro.
Droga!

PRIMOGÊNITO










Mesmo se o enfático tormento

Adicione aos meus olhos opacos

Ranzinzas sentimentos tantos

Centralizarei em ti essa visão única,

Ultrapassarei os limites da paisagem

Solidificando em poesia o amor que sinto.


Voarei nesses tontos tantos brancos versos,

Inundará o papel o poema teu.

Não darei importância ao tormento da saudade,

Ímpar e gratificante já é tua lembrança.

Com meus olhos felizes e brilhantes

Irei novamente ao teu encontro.

Um sorriso em mim outra vez surgirá,

Sorriso vindo do lindo sorriso teu.

VISÍVEL DESENCONTRO

Partirei para ver-me.

Estarei sim, verme.

Reprisarei meus escritos

Só porque não me avisaram.


Não espero achar o que procuras.

Não espero mentir na partida.

Não procuro achar na procura.

Não procuro o nada no aviso.


Eu me abandonei!

Não me preocupo se não me encontras?

Mas peço a hora que desapareci

nessa hora prevista à partida.


Eu quero me ver!

Onde estou eu?

Acho que já parti.

Mas não me avisaram.


Meu corpo está aqui – acho.

Minha mente acho que partiu.

E quando procuro não acho.

Mas não me avisam nada.


Eu me abandonei!

Não me preocupo onde estou?

Mas peço a hora que cheguei

sem saberem a hora que parti.

Onde me encontro?

No fundo da sala,

À minha frente a cesta (do lixo),

Em volta cabeças pensantes

Discutem, raciocinam,

Procuram uma solução (síntese).

O som que sai dessas bocas

Vem em minha direção brutalmente,

Esse som complexo (indecifrável).


Onde me encontro?

No fundo da sala (ou do poço),

À minha frente a cesta (do lixo)

Ou a sexta, – hoje é quinta-feira,

Em volta olhares indagadores,

Sorrisos breves em semblantes diversos

Esculpem, racionam-se,

Vêm em minha direção empalidecidos,

Esses sorrisos frígidos (falsos),

Do fundo observo apenas.


Onde me encontro?

Será que estou mesmo na sala?

Será que estou mesmo no poço?

Será que vejo mesmo a cesta?

Será que viverei a sexta?


Onde me encontro?

Será que o som me atinge?

Será que me preocupo com sua complexidade?

Será que os sorrisos vêm a mim?

Será que me preocupo com sua frigidez?


Do fundo apenas observo.

(Nova)mente

O Sol explodiu diante dos teus refletores
A Lua caiu diante dos teus pés
Não iluminaste minhas dores
Mas acendeste meus olhos infiéis

Diante dos meus olhos o lago transbordou
Abaixo dos meus pés a Terra sumiu
Não foi proposital que desliguei o interruptor
Mas a imagem diante da visão ruiu

A íris desapareceu do arco
A sombra desapareceu do satélite
O vento é, a brisa é, eu sou fraco

Nas pálpebras apareceu o líquido
Na voz apareceu o soluço
A carne é, a língua é, estou insípido.

domingo, 14 de março de 2010

HOJE ELE DARÁ AUTÓGRAFOS

Conheci o Marlon, tarde, mas, não muito tarde para descobrir nele o amigo que tenho, com suas falhas, claro, todos nós temos as nossas, mas um amigo.

Conheci o Marlon, atrasado, mas, não tão atrasado para que não percebesse a pontualidade de sua amizade, com suas falhas, claro, todos nós temos as nossas, mas um amigo.

Vi os poemas do Marlon no tempo certo, li os poemas do Marlon na hora certa, às vezes fora de hora, mas, para a poesia não existe hora certa, determinada, é “pá-bufo”, em casa, nas ruas, nos bares, no ônibus, nos muros, nos rascunhos, nos murais, no ar... e agora no livro FrenteΛerso.

Lembro o tempo quando era divertida a viagem à Arapiraca, à Funesa. Lembro daqueles momentos quando fazíamos rimas “bestas” a partir de uma palavra qualquer. Aquilo era tão infantil e tão adulto ao mesmo tempo. Aquilo era tão banal e tão sério ao mesmo tempo. Aquilo era tão chato e tão gostoso ao mesmo tempo. Porque aquilo era o nosso tempo. Fazíamos e faremos desse tempo o que quisermos.

Hoje brincamos com as letras, brincamos com as palavras, fazemos versos a partir de qualquer momento, de qualquer ação ou reação. Como comentamos vez em quando, vomitamos poesia. Esse vômito é sadio, é versificado. Esse vômito não é gástrico, mesmo tendo nós a mais crônica úlcera. Esse vômito não é ressaca, mesmo depois de uma noite de bebedeira. Esse vômito não é fétido, e às vezes sim. Vomitemos poesia depois de bebermos Marlon! Vomitemos poesia depois de degustarmos FrenteΛerso!