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" Viva a Poesia! "

sábado, 25 de janeiro de 2014

Forca sem força


Naquele dia, ao tentar despertar,
eu vi minha felicidade pendurada
por uma das mais antigas armas.

Eu vi os braços dos meus abraços amarrados.
Eu vi as mãos das minhas carícias atadas.
Eu vi os dedos dos nossos pecados paralisados.
Eu vi as pernas dos nossos orgasmos imóveis.
Eu vi os pés das nossas caminhadas tesos.

Naquele dia, ao tentar adormecer,
eu vi minha alegria ceifada
por uma das mais antigas armas:

O amor.

Sim.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Obscuro


Em cada face vejo a tua
Em cada riso vejo o teu
Quando verás o meu?

Em cada voz imagino a tua
Em cada olhar imagino o teu
Quando ouvirás o meu?

Em cada curva vejo a tua
Em cada olhar vejo o teu
Quando fitarás o meu?

Em cada alegria imagino a tua
Em cada suspiro imagino o teu
Quando provocarás o meu?

Em toda despedida lembro a tua
Em todo semblante triste o meu
Quando poderei admirar o teu?

Em toda canção lembro a tua
Em todo poema triste o meu
Quando poderei declamar o teu?

Em qualquer lágrima estancarei a tua
Em qualquer suspiro imaginarei o teu
Quando poderás eternizar o meu?


segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Ainda há tempo


Já é tarde...
Invadiste meu peito
feito o cego punhal.
Quebraste meus olhos
feito o choque no trânsito,
Dilaceraste esse órgão
feito doença terminal.
Queimaste meu cérebro
feito chama infinita,
Iluminaste meu breu
feito o sol matinal.

Já é tarde...
Habitas esse espaço
feito imigrante leal.
Tomaste minha mente
feito desejo carnal.
Desviaste meus atos
feito um golpe mortal.
Mostraste a paixão
Feito um gesto banal.
Partiste sem adeus
deixando-me nesta tristeza total.

                  

Dentro de mim



Longe posso até
o horizonte não avistar,
um sorriso seu
relevante não escutar,
distante posso não lhe ver
em meus pelos repousar,
sinto, sonho, sou.

Louvo a minha mente,
ostento a tua memória,
ultrapasso o invisível horizonte,
reverencio sem avistar,
desejo sem escutar,
espero minha cabeça em teu seio pousar,
sonho, sinto, sou.


quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

O silêncio no sorriso



O vento na cara cínica
Não refresca a pele vermelha
Esse vermelho dissimulado

O sereno na face quente
Não resfria a pele irritada
Essa irritação disfarçada

O silêncio no sorriso

A névoa no rosto cansado
Não explicita a inspiração
Essa inspiração tão esperada

A brisa na fachada exposta
Não embaça a minha visão
Essa visão tão limitada

O silêncio no sorriso.


quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Poeta Sempre






Eu sou assim: apareço, desapareço...
às vezes alegre, às vezes triste...
pensativo, aleatório...
às vezes poeta, às vezes rude.

Eu sou assim: menciono, emudeço...
às vezes bravo, às vezes ameno...
irrelevante, essencial...
às vezes eu, às vezes todos.

Eu sou assim: descritível, enigmático...
às vezes tonto, às vezes lúcido...
intolerante, compreensivo...
às vezes poeta, às vezes rude.

Eu sou assim: como me fazem, como eu tento...
às vezes torto, às vezes ereto...
atordoante, atordoado...
às vezes Milton, às vezes o outro.






quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Sentido





Há no ar libidinoso
O que não há ali
Ali o maldito
Mas aqui a libido há
Não tão bem falada
Que também criticada
Por cada bendito
Que bem dito é libidinoso
Porque o sentido é mau dito
De repente, tu com teus gestos,
Em cismas, em sina, ensinas
Como valer o ato do tato
Então vai ler o que designa
O que ouves, o que ouço,
O que houve, o que é nosso,
O que há no ócio do ofício...
É fácil, é difícil
E no tato, no ato és apto,
És guloso, mas formoso
És guloso e libidinoso
E tocas, tocas, tocas
No tá, no tato, no ar, no ato...
Aproximando-te sem que eu te peça
Afasto-me da principal peça
E me pergunto quem te disse venha,
Mesmo assim chegaste
E estragaste o jogo perdendo a peça.
Sem a preocupação com o jogo,
Afastamento, peça perdida,
Quente, disse: venha!


Deserto





Será que esqueceste
a noite mais curta?
Será que esqueceste
a lua mais tímida?

Outras noites - curta!
Tentarei te esquecer.
Outras noites - sinta!
Tentarei não te ver.

Outras luas - medito.
Tento não me derramar.
Outras luas - escrevo.
Tento não te mencionar.

Será que esqueceste
a madrugada tão próxima?
Será que esqueceste
a manhã tão distantes?

Outras madrugadas - curta!
Tentarei sobreviver.
Outras madrugadas - sinta!
Tentarei não sofrer.

Outras manhãs - medito.
Tento não chorar.
Outras manhãs - escrevo.
Tento não gritar.

Será que não esquecerei?
As noites são infinitas!
Será que não esquecerei?
As luas são explícitas!

Será que não esquecerei?
As madrugadas são vazias!
Será que não esquecerei?
As manhãs são vazias!

Desejo noites curtas.
Desejo luas invisíveis.
Desejo madrugadas distantes.
Não desejo manhãs.



                 

O escolho


Entre os meus dedos
Entre essas linhas
Entra a poesia

   Sobre o papel
   Sobre meu sentimento
   Sobre os meus ombros
   Sob teu julgamento
   O meu simplório dia

Entre os meus dedos
Entre essas linhas
Entra a agonia

   Sob o tapete
   Sob a poeira
   Sob os meus pés
   Sobre tua maneira
   A alegre rebeldia

Entre os meus lábios
Entre os teus lábios
Essa distância fria.