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" Viva a Poesia! "

quinta-feira, 27 de maio de 2010

REVIRAVOLTA


Hoje a Lua está tão linda
Pegaria essa Lua e entregaria a ti
Tento imaginar um novo retorno teu
Precisaria do mínimo motivo para sorrir.

Essa minha saudade não finda
Ah, como eu te quero aqui!
Tento imaginar um ressurgir teu
Precisaria do máximo motivo para não rir.

Mas no mínimo quatro rodas fazem falta
Rolariam pensamentos e atos tortos
Transformar-se-iam sentimentos recíprocos
Brilhariam felizes meus olhos mortos.

Mas está tão linda hoje a Lua
Atropelaria essa Lua imensa
Estrangularia essa saudade tua
Descobriria o que no momento pensas.

Essa Lua que hoje fascina desaparecerá
Serão gastas as rodas da vida
Essa saudade que hoje incomoda morrerá
Não mais ficarei triste na tua partida.

Outras luas lindas, cheias, novas surgirão
Outras saudades mais fundamentais terei
Outras rodas rolarão – talvez em vão
Os mesmos momentos tristes não velarei.

TERÇA-FEIRA CINZA

Quando chegaste

eu estava sorrindo

no carnaval da tua mente,

em pleno dezembro.


Quando partiste

eu fiquei chorando

nas cinzas dos teus olhos,

esses olhos tão negros.


Quando sorriste

minha sala estava limpa

nas teias dos teus pensamentos.


Quando chorei

teu quarto estava alagado

na sequidão da minha língua.


Quando gritaste

eu fui o menino

agarrado em tuas vestes

cobrando a presença.


Quando calei

tu foste a senhora atrevida

com um golpe fatal

cobrando a palavra.


Quando sorri

tu foste a madrasta má

relembrando a ausência.


Quando voltares

serei o alvo perfurado,

e o espaço, e a seta,

e a seta crava.

Mole, bate. Seca e dura, parte.



Terna, tenra terra...
Terra terás nessa tez.

Fora! Flora aflora...
Afloras na acidez.

A jura fura, cura...
Escura essa insensatez.

Do monte a água da fonte
Desce, me molha, me esquece...

Na fronte a lágrima encontro
Morna, no desencontro permanece...

Da ponte se desliga o elo
O martelo que bate enfraquece.

terça-feira, 25 de maio de 2010

CONTATO

Todos vêm...
beijo na testa
aperto de mão


Todos falam...
um olá
um conselho


Todos me vêem...
uns atestam
outros ao chão


Alguns me olham...
um piscar
um espelho


Seus olhos tão perto
Você tão distante.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

NÃO PRECISAMOS DE RIMAS


Quando olhaste nos meus olhos

Do meu lado o silêncio se fez

Quando partiste ao continente

À deriva fiquei mais uma vez


Fiz-me poeta a partir desse dia

Jorraram versos, afogaram-se rimas

E eu decidia tão divergente

Ignorar o que tanto estimas


Velhas estrofes visitaram os meus dedos

Presenciei que o mundo não está são

Mas partiste uma vez decidida

E me largaste em silêncio na estação


Tão decidida querias um dia esse mundo

Tão decidida um dia meus olhos fitaste

Tão decidida aceitaste esse imundo

Tão indecisa um dia as rimas quebraste.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

INACABADO

Esses teus dissimulados olhos

Deixam-me inepto tal qual menino

Diante do seu primeiro brinquedo;

Risonho, bisonho, tristonho, sem tino.


Esse teu astuto, porém, lindo sorriso

Deixa-me tonto, incapaz de escolher

O correto do duvidoso, a razão da emoção;

Esses teus olhos tão perto dos meus...


Esse teu sorriso tão claro, - o óbvio.

Esses teus olhos tão distantes do coração

Tornam o meu sorriso tão triste e pacóvio.


E assim: olhos fitados intensamente,

Corações separados definitivamente.

A vida nos leva privando-nos d'uma emoção.

PRESSÁGIO


Estarei pesando em tuas pálpebras
para residir em teus sonhos
Pisando em teus passos
para me encontrar nos teus caminhos
Perfurando o teu sexo
para suspirar em teus orgasmos
Passeando na tua memória
para eternizar o teu esquecimento


As pálpebras irão teimar
Os sonhos voltarão
Os passos irão seguir
Os caminhos - a exaustão
O sexo irá queimar
Os orgasmos findarão
A memória irá sumir
Efetivando um sentimento vão.


C O N T R A D I Ç Ã O













Eu sou quem sou

Eu finjo sentir

Tu pensas que sabes

Tu finges mentir


A verdade transborda

O brilho dos olhos incandesce

As palavras contradizem

Nem tudo é o que parece


Eu finjo que sou

Eu tento sentir

Tu pensas que fazes

Tu finges fugir


A fuga incomoda

A verdade aparece

O brilho dos olhos ofusca

A ação que se esquece.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

RECEITA I

Quando o bolo sola

Na sola do sapato resta

O resto do solo que gruda

Na sola de tudo que só lá tem base.


O bolo pode até feder

Mas vamos devagar alfabetizar

O B, o C, o F, o D

E tudo, bah! base.

RECEITA II

Serpente sem-vergonha

Maliciosa em seu olhar

A fatalidade da peçonha

Escondida em seu soprar


Serpente à espreita

Perigosa à minha procura

Os segredos da receita

Escondidos na loucura


A loucura da serpente

É a presa estar distante

No egoísmo que ela sente


O alívio do instante

É ter a presa permanente

Ao dispor da serpente tão amante.

REPETIÇÃO


O meu sim permanecerá

mesmo que para ti não seja.


O não para mim continuará

mesmo sendo o sim para tantos.


O adequado para a regra

continuará para mim o oposto

mesmo sendo a verdade para tantos.


A mentira para mim

por tantas vezes dita

verdade será para ti.

POBRE CONDE


A pedra que bateu o meu pé

machucou o meu gesto


A flecha que furou minha mão

danificou minha ação


O grão que tocou meu palato

tornou-se indigesto


A seta que penetrou o meu céu

dirigiu-me ao chão


O degrau que machucou meu tendão

fraturou o meu ego


A estaca que atravessou o meu peito

preencheu este vão


O cisco atrevido dos teus atos

deixa-me cego


A luz do sol dos teus olhos

converte-me em carvão.

PESADELOS

A insônia insiste em perturbar

meu velho e “abostado” corpo.

Isso rolo com alguns membros ativos,

outros não.

O istmo em meu pesadelo penetra a água.

A península molha-se à procura do clímax.

Adentra feito pênis a umidade

quase que intensa e nada.

Nada.

Insistente perturba a insônia

o meu “enfezado” corpo.

Isso rola os meus membros inativos.

OLHOS E LÁBIOS

Não vá agora!

Lance esses mísseis...

Acenda esses faróis...

Serei o alvo,

Estarei em foco.

Ah! esses teus olhos...


Não vá agora!

Molhe o seco...

Aqueça o frio...

Serei o poço,

Estarei à espera.

Ah! esses teus lábios...


Não vá embora!

Jogue esse olhar

em quem te implora.

Não vá embora!

Prove essa língua

de quem te implora.


Agora! Adora! Embora...

Aflora! Senhora! é hora.

JOGO VITAL

A persistência da falsidade é letal

Olhares penetrantes além do exterior

Línguas destruidoras além do oral

E a aceitação se torna indolor


Invasor detrito poluído

Das ações e reações alheias

O íntegro momento é esquecido

Falsidade – destruição é que anseias


A atitude egoísta é nojenta

Olhares, palavras, gestos mesquinhos

Imaginemos nesse selvagem jardim quem agüenta

Plantar, cultivar ou colher sem se ferir nos espinhos.

NÃO HÁ RETORNO

Rosas murcharam, caíram as pétalas.

Risos fecharam-se, surgiram as mágoas.

Flores secaram, dirigiram-se ao caule.

Beijos quebraram-se, derreteram-se às raízes.

Livre-arbítrio




Aqui estou eu, passivo,
Impotente passageiro
Desse estranho universo,
Apenas observando o controle
De outros a outros.


Em minhas mãos, o império,
Que entre meus dedos escorre
Para o governo insano,
E o descontrole mundano
De outros e outros.

Aqui estamos sem ritmo,
Com rimas quebradas
Num poema anônimo,
Onde a métrica é a minha,
As estâncias são suas...
Mas, "sob o controle" de outro.





RODEIOS CONTRÁRIOS


Os hipócritas novamente me rodeiam

Desta vez com os olhos desvendados

Eles não enxergam a candeia

Mas ela os deixa irritados


Essa luz é o meu silêncio irritante

Que penetra a surdez dos desgraçados

Ilumina a ignorância tão cortante

Desses loucos germes condenados


Os atacantes avançam fulminantes

Insanos, sem visão, sem audição

O que importa é o eloqüente inconseqüente


Avantes fulminante os atacantes

Loucos, cegos e surdos nessa ação

Despreocupados com a conseqüência indecente.

UM OUTRO TOQUE AMERICANO

Ó América

Sorridente

Sensual

Displicente

Tão mortal

Por que sumiste?


Ó América

Complicada

Desleal

Desejada

Tão real

Por que sumiste?


Ó América

Excitante

Suficiente

Deslumbrante

Tão mortal

Por que sumiste?


Ó América

Reluzente

Maioral

Estridente

Tão real

Por que sumiste?


Ó América

Dengosa

Colossal

Gostosa

Tão mortal

Por que sumiste?


Ó América

Inspiradora

Jovial

Conspiradora

Tão letal

Por que sumiste?


Ó América

Caliente

Natural

Permanente

Tão a “tal”

Por que apareceste?

quinta-feira, 13 de maio de 2010

s o l i d ã o

A cama é sua

O coma é meu

A água, o vinho

A águia vinha

O passo longo

No paço estrondo

A sorte é tua

A morte minha

O quarto é seu

Sou o terceiro

Os filhos teus

O frio meu.

PAGA À PULHICE

Antílopes encobertos ou camuflados,

Caras capitais, ânsia ao consumo,

Vozes orgasmáticas, enjoadas...

Fofocas despercebem as músicas piegas.


Rapazes delicados pacientes na fila,

Óculos escuros escondem a maldade,

Face fechada, o dinheiro não chegou.

Fofocas superam o “chá de espera”.

I n é d i t o


As letras formam palavras,
As palavras formam poesia,
As notas formam músicas.

Palavras nem sempre convenientes,
Poesia que acalma os seres,
Músicas que provocam lágrimas.

Meus pensamentos formam tua imagem,
Minha poesia nem sempre me acalma,
E detesto a distância que nos separa.

As músicas são verdadeiras saudades,
Pois lembro dos teus afagos,
Estou indo correndo à tua procura.

Espero encontrar-te de braços abertos,
E num abraço dizer o inédito,
Que é simplesmente: te amo!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

SEM DESTINO, MAS INTEIRO


Lascivo fitar que fica
Induzindo esses olhos ao pecado
Derretendo aço em frios atos
Inspirando em prescrição médica
Acho que seguirei a mariposa
Nela não cairei perdido
Ela fugirá dos meus dedos


Louca e rápida observação
Impedindo a ação correta
Desse ser vulnerável e insano
Insana inscrição nesse curso
Acho que seguirei o curso
Nocauteador da esperta mariposa
Ela não quebrará meus dedos


Latente o fitar se tornou
Inquietos meus olhos serão
Doidas ações não derreterão
Inspirações férreas e frias
Acho que seguirei a mariposa
Nas asas dela viajarei sem destino
Enquanto desejas os meus dedos.


MISTÉRIO

Um mundo gira na cabeça

do meu amigo à direita.

Nem a poesia decifra

o seu pensamento no momento.

Lembranças, futuro, o que o fere?

Algo. Eu sei.

O quê? Não sei.

Enquanto o barulho ensurdecedor à esquerda

um silêncio estridente à direita.

Pensei que a poesia revelasse...

...mas o seu pensamento só ele.

VISÃO

Com os olhos ao infinito – cegos,

Rebuscarei palavras jogadas – não perdidas.

Induzirei meus próprios instintos poéticos

Sem preocupações com métrica ou rima à poesia.

Tatearei um novo poema (já que estou cego),

Imaginarei teu inédito declamar – não sou surdo,

Atiro-me ao infinito – busco palavras,

Navego nesse mar literário, tento

E consigo dizer em poesia: Feliz Aniversário.

CÓDIGO II


Como esquecer tão de repente?

Esse olhar provocante

Essa voz inebriante

Esse toque excitante

O desejo do teu beijo


Como aceitar?

A tua distância

O teu desvio

A tua indiferença

O meu incontrolável arrepio


Como tão de repente esquecer?

Olhar

Voz

Toque

Desejo – beijo


Como aceitar?

Distância

Desvio

Indiferença

Descontrole – arrepio.

HESITANTE

Será que devo apenas observar o fruto?
Pego. Não pego. Mordo. Não mordo.


Será que devo apenas espiar o bonde?

Pego. Não pego. Tomo. Não tomo.


Será que devo apenas olhar a dose?

Pego. Não pego. Bebo. Não bebo.


Será que devo apenas espreitar a cicuta?

Pego. Não pego. Morro. Não morro.


Será que devo apenas espionar a polpa?

Pego. Não pego. Mordo. Não mordo.


Será que devo apenas sondar o pecado?

Peco. Não peco. Pago. Não pago.

EXCURSÃO INTERNA

Viaja em minhas veias
Viaja em mim
Passeia em meus pulmões
Passeio sem fim


Viajo em minha mente
Viagem sem fim
Passeio em tua mente
Passeias enfim


Nessa fumaça - pensamento
Nesse sangue - triste fim
Nessa mente - sofrimento
Passeias em mim


Estaciona em minha paralisação
Está ansiando (em) me destruir
Estacionas por fim nessa ação
Estás querendo me demolir.

terça-feira, 11 de maio de 2010

VIVENTE

Ser humano
Com diferenças
Seres humanos
Sem diferença

Quero agora
Não tem
Querem agora
Não há

Diferenças infinitas
Indiferença sem fim
Momentos sem regras
Momentos sem definições
Agora, ontem, sempre

Divergências, humanos
Irmãos – inimigos
Instintos sem tino.

LOUCA IMAGINAÇÃO

Não é do meu gosto
Estar indisposto
Posto em frente esse posto
Lágrimas lavando o meu rosto
E em mente o desgosto

Desgosto de ser esse louco
Que pouco a pouco torna-se rouco
De tanto gritar o sufoco

Louco em desgosto eu te espero
Tua visita brusca é o que quero
Porei fogo nesse posto – eu sou Nero.