Sinto saudades
Da presença dos teus dedos ausentes
Dos teus delicados toques
em minha face insensível
Das tuas suaves mãos deslizando
em meu corpo áspero
Dos teus úmidos beijos
em meus lábios secos
Sinto saudades
Dos teus imperfeitos verbos
em minha gramática louca
Dos teus justos adjetivos
em minha poesia sem qualidade
De tuas desconexas preposições
em meus versos partidos
Do teu improvisado texto
em minhas ações inenarráveis
Sinto saudades
Dos teus fingidos orgasmos
para minha satisfação precoce
Das tuas bruscas decisões
para minha resignação forçada
Da tua desvairada busca
para o meu regresso breve
Do teu triste adeus
para o nosso confortador “olá”
Sinto saudades
Do “não querermos” sentir saudades
Do “nosso tentar” matar saudades
Do “nosso fugir” da realidade
De quando qualquer instante distante
era maldade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário