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" Viva a Poesia! "

terça-feira, 26 de julho de 2011

EXTERNO


Gostaria tanto de sentar-me
Nessa cadeira incompleta
E bruscamente sair-me
Pelos olhos repletos de dúvidas.
Lá de fora, de frente
Observar minhas mãos
Largando-se dos braços ao solo,
Meus pés saindo-se das pernas ao chão,
Meus membros desabando à terra imunda,
Minha cabeça rolando pelo asfalto úmido,
Meus pelos encontrando-se com os germes,
Meu corpo imóvel e incompleto.

Não estaria eu sentado
Nessa cadeira incompleta...
Sim, seriam os meus olhos sozinhos
Rolando pelo assento incompleto,
Ou flutuando no poluído ar,
Contudo, ainda cheios de dúvidas.
Seria o meu desejo louco
De súbito partir do meu físico
Ao meu invisível à procura de mim.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

SEXO DÉGRADÉ


Já andei muito! – curtos percursos.
Já provei muito! – longos dissabores.
Já galguei muito! – degradantes degraus.

Por diversas vezes confundi os sentidos,
e assim tudo ficou sem... mas, zen...
e eu dizia: vem!

E mais distantes aparentavam os desejos,
mais concisos os deslizes,
mais explícito o proibido...

Enrubesci tempestades às margens de minhas pálpebras,
Salivei diante da polpa fria, congelada – indiferente...
Mas, um uivo desvairado orvalhou no rosado da tua face...
E de súbito uma fome voraz da nossa sinestesia
devora o que poderia ser um belo sentimento.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

VERIFICAÇÃO

Tua voz de criança me chamando,
Tua voz me chamando de criança.

A carícias tu me deixas excitado;
Não mais acaricias, - tu me deixas.

És a “polícia” quando saio da linha;
Quando caio em deslizes me policias.

Os teus olhos no momento querem "ver-me",
Os meus serão destruidos pelo verme.

Mas antes que a morte se faça presente,
O teu presente será sempre o meu amor.





T R A N S F O R M A Ç Ã O

A voracidade
Dos meus instintos poéticos
Deixa-me “fraquinho”
Como uma criança inculta.
Mas, diante da minuciosidade
Dos teus olhos
Eu me transformo
No mais forte Titã.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

ALGUMAS PALAVRAS ENTRELACEI




As pedras!
Algumas chutei...
Com algumas me machuquei – machucam!

Escadas!
Degraus – alguns galguei...
Em alguns tropecei – dói!

Tapete!
Debaixo de alguns escondi...
Alguns a sujeira não conseguiram esconder
                                                 – eles voam!

Estrada!
Percorri algumas...
Tantas estreitas – elas espremem!

Leito!
Em alguns repousei...
De alguns eu cai – eles derrubam!

Casa!
Em algumas morei, vivi, casei...
De algumas escapei, fugi – elas permitem!

Companheiro!
Com alguns convivi, convivo, continuarei...
Com alguns estive, estou, estarei
       – eles me aguentam!

Poesia!
Aqui sempre estará...

APETITE


A madrugada me tranca.
A esferográfica me solta.
O meu sangue estanca
e nada te traz de volta.

Ah! Quem dera deslizar
na neve da tua pele...
Pendurar-me no negro
dos teus cabelos...
Aquecer-me no perfume
da tua temperatura...
 


domingo, 10 de julho de 2011

Vodka

A vodca invade meu resto de fígado,
E meu cérebro torna-se infantil.
E agindo feito sonho de criança
Cometo um erro totalmente imbecil.

Relembro casos impossíveis,
E desejo novamente explodir,
Explodir num expresso orgasmo,
E ser criticado sem poder reagir.

A vodca alivia o meu frio
Quando encontro com a solidão;
A vodca, o papel e eu somos um trio.

E esse trio traz o verão
Num triste e intenso inverno
Onde sempre a resposta é o não.

                   

sábado, 2 de julho de 2011

FATOS INESQUECÍVEIS

Eu estava pronto para esquecer...
O conflito no Golfo,
Os marginais fardados,
Os jovens viciados,
A burguesia e o mendigo,
A pouca vergonha política,
O menor faminto,
A hiper inflação,
O pavor na cidade,
A violência à mulher,
A ação de um eleito corrupto,
A destruição da natureza,
A promessa de melhora,
A velocidade e os desastres,
A dose de um bêbado revoltado,
O descontrole de um poeta,
A lágrima de um apaixonado,
A nota do teu violão desafinado,
A letra da minha poesia irritante,
Etc.
Mas lembrei onde vivo,
Em que país...
Em que continente...
Lembrei que vivo num planeta chamado TERRA,
Lembrei que sou humano,
Lembrei que sou um mísero humano.