Majal-San (post.)

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" Viva a Poesia! "

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Minha noite



A madeira na estrada,
a lenha no asfalto,
a fogueira será acesa,
aquecerá a noite amanhã.

E no meu peito faz um frio!

O milharal sob rede elétrica,
o verde sobre terra seca,
pasto para gafanhotos e outros,
uma fazenda urbana.

E no meu peito faz-se um deserto!

A música no ar,
“lenha”, “o leãozinho”,
“louras geladas”, “lambada de serpente”...
“lay your hands on me”.


E no meu peito faz um silêncio!

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

In-Cômodo



A mulher abriu a boca; falou – reclamação.
Parecia estar louca; xingou – difamação.
Mas, isso não é o mais grave...
Duro é procurar um lugar pra cagar
E por cruel decepção não encontrar.

A mulher teimou em falar; gritou – reclamação.
Parecia incapaz de calar; vomitou difamação.
Mas, isso não é o mais grave...
Outros fatos mais preocupantes acontecerão,
Péssimas expressões, irritantes termos,
Ela, ele, todos com o tempo esquecerão.
Duro é procurar um lugar pra cagar
E por cruel decepção não encontrar.

Essa mulher não cala; fala, reclama.
Teima em parecer louca; xinga, difama.
Mas, isso não é o mais grave...

De repente tudo parece feder.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Dois poetas



Doses douradas com gelo
Satisfazem um poeta,
Outro poeta suco de laranja.

Uma canção nostálgica
Invade a mente de um poeta,
O outro é sua própria voz.

Letras, palavras e versos
Satisfazem um poeta,
Outro poeta grito no ar.

Letra, música e sons
Invadem um poeta,
O outro álcool e silêncio.


Hipócritas



De todos os tipos – caras
De todos os formatos – faces
De todas as cores – cútis
De todos os disfarces – gestos

De toda felicidade – semblante
De todo sucesso – aparência
De toda falsidade – semblante
De todo fingimento – aparência


Toda realidade nos olhos.


terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Retraído



O que me seduz em você...
   boca
      olhos
         risos
            olhares
mãos
   braços
      toques
         abraços.
O que se torna retraído...
   beijo – distância
   olhos – olhadela
   risos – arrebatados
   olhares – bruscos
      mãos – lonjura
      braços – separados
      toques – acaso
      abraços – eventuais
O que me enlouquece...
   tua boca e a minha distantes
   teus olhos e os meus ansiosos
   teus risos e os meus bisonhos
   teus olhares e eu cego
      tuas mãos e as minhas entorpecidas
      teus braços e os meus paralisados
      teus toques e eu intangível
      teus abraços – eventuais.




segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Busca minuciosa



Assoviando uma bela canção
Mentindo ao meu próprio coração
Observando um espaço na escuridão
Relembrando uma triste ilusão

Andando nessa longa avenida
Memorizando um soneto e uma frase perdida
Observando e consertando versos da vida
Rebuscando tua triste despedida

Aguardando o teu e o meu despertar
Memorizo e assovio sonetos e canções
O meu sonho é te ver  voltar
Revivermos insaciáveis paixões.



PPP




Puxa!
O padrão é permanente,
Para poucos para.
Sigla é Pigla!
De onde vêm tantos pês?
Pés pela cabeça,
Pentelhos, pelos, cabelos.
Um “q” atrapalha a sigla,
O projeto não politiza,
Então digo com “q” que
Puta que pariu puxa!
Põe, pula, penetra.
Pica...

                   (Majal-San)

                   09  05  2006


A gata





Ela não tinha nome.
Comportava-se pacientemente
Ao barulho da faca na pedra de amolar,
Eu nunca falei da sua habilidade.
Assassinaram a pobre e magra felina.
Crueldade!

Hoje não posso escrever, meditar...
Pois o barulho dos ratos nas panelas,
No saco de lixo, nos papéis amassados,
Esse barulho chega a me incomodar.
Parece que os roedores estão arrastando o fogão.
Maldade!

Que saudade da magra felina!
Hoje a casa é quartel general
Para um exército de camundongos e baratas.
Assassinaram a magra e eficiente felina.
Eliminaram a habilidosa e magra felina.

Total crueldade!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Multidão





Passos divergentes,
Diversos pés,
Diferentes olhares,
Cabeças cabeludas,
Cabeças peladas,
Cabeças inteligentes,
Cabeças vazias...
E a minha cabeça tonta
Gira à tua procura.
Naquela multidão
Procuro o teu sorriso,
Os teus olhinhos,
E o movimento dos braços
Pra frente, pra trás,
São tantos braços...
Braços curtos,
Braços longos,
Braços negros,
Braços brancos,
Mas, eu quero apenas
Os teus braços quentes,
Mornos talvez...