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" Viva a Poesia! "

sábado, 6 de fevereiro de 2010

AUTÔMATOS CANINOS - CANÍDEOS AUTOMÁTICOS

Hoje sentei novamente naquele frio banco. Vi, outra vez, um gato malhado; um gato preto; dois gatos – seriam os mesmos? Observei um outro mais novo, filhote, branco – não era o mesmo que eu via outrora (novo demais).
E eu, o mesmo velho cão, aqui estático.
Hoje tomei novamente aquele café-com-leite, não era da mesma safra, não era da mesma vaca. Vi, outra vez, “velhos bois”; “novas vacas”; novos mugidos; novos berros; antiga ladainha. Os mesmos corredores – passarela. Observei uma outra “perua”, mais nova, ou mais velha, ou da mesma época.
E eu, o mesmo velho mudo, aqui estático.
Hoje fumei novamente aquele cigarro, não era a mesma fumaça, não era a mesma nicotina. Outras espirais, outras inspirações, mas é o mesmo pulmão. Talvez mais estragado, mazelado, manchado – o mesmo pulmão.
E eu, o mesmo velho bobo, aqui estático.
Hoje senti novamente o frio mais intenso dessa cidade. Senti na pele o eriçar-arrepiar-tremer-solidão. Senti na face o sal-lágrima-soluço-solidão.
Observei blusões e casacos sofisticados aquecendo corpos tortos, corpos eretos, esculturais. O tecido camuflando o errado, o erótico, o imoral.
E eu, o mesmo velho impotente, aqui estático.
Hoje vi novamente sorrisos pálidos, abraços frígidos, incentivos automáticos. Senti no ar o hálito intrigante dos bovídeos. Senti no ar o odor de algo enterrado pelos felinos.
Eu, o mesmo velho nostálgico, aqui estático. Neste frio banco branco.

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