Majal-San (post.)

Visualização de número:

Encontre / Find

" Viva a Poesia! "

quinta-feira, 15 de abril de 2010

VIAGEM SEM RETORNO

Numa cidadezinha bucólica, distante de tudo, a vida era longa e às vezes angustiante. Numa dessas simplórias casas vivia Maria Augusta, menina meiga, esguia, cabelos castanhos e longos, olhos amendoados e negros. Guga, como era conhecida a menina de quatorze anos, vivia sob os punhos e as severas ordens do pai. Sua mãe havia falecido logo após o seu parto.

Guga era uma aluna tímida da única escola daquela cidade.

O tempo foi passando e o ano letivo findava, assim Guga completava quinze anos. Continuava a silenciosa garota observadora pelos cantos. Seu João, o pai, resolve mandar sua filha à capital. Na cidade grande, matriculada numa escola pública de um bairro agitado do subúrbio, viveria com uma tia.

A turma era muito mais eufórica e falante que a turma conhecida por Guga em sua cidade.

Nas primeiras e súbitas semanas de aula, ela já tinha suas coleguinhas preferidas. Num desses intervalos, Lúcia, uma garota aparentando seus dezesseis anos, loirinha, olhos ligeiramente esverdeados e mostrando ser de família com boas condições financeiras, convida Guga ao banheiro, pois, teria algo para mostrar. O convite fora aceito e elas caminharam ao banheiro.

Lúcia ergue a saia e tira um embrulho que se encontrava entre seu quadril e sua calcinha. Guga permanece a observar, tentando imaginar o que seria aquele pequeno volume. Lúcia salta duas vezes e na terceira consegue derrubar um isqueiro que estava sobre uma das paredes imundas do banheiro. Depois de enrolar num papel fino, acende aquilo que para Guga era apenas um cigarro comum.

É legal Maria, experimenta! Assim exclamava a garota da capital.

A singela menina dizia que nunca havia fumado. Mas, depois de tanta tentação resolveu experimentar. Várias vezes engasgou-se, porém, depois de alguns instantes sentiu-se ótima, inspirada, leve, falante até.

Virou rotina a visita ao banheiro feita por Guga e Lúcia...

Seis meses mais tarde estampa a primeira página de um jornal a seguinte manchete: – “JOVEM É ENCONTRADA BRUTALMENTE ASSASSINADA.” – Naquele jornal dizia que Maria Augusta em envolvimento com um perigoso traficante fora encontrada fuzilada numa “boca de fumo”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário