Seus olhos redondos, ansiosos, brilhantes mudavam de direção constantemente. Esses olhos procuravam outros olhos, que não encontravam-se ali, entre outros tantos olhos curiosos, frígidos, indecisos, perdidos.
Seus cabelos negros, vivos, sedosos resvalavam sobre seus ombros. Aquela menina não escondia, não conseguia esconder, não tentava esconder a sua aflição pela presença de alguém especial. Não sabia em que local procurar. À esquerda, à direita, à frente, à retaguarda. Nada. Ninguém. Ou melhor, todos. Menos aquele que apenas encontrava-se em sua mente – dona de imaginação fértil. A quimera a possuía. Ela não possuía nem os traços inspiradores daquele ser residente em sua mente. A ânsia a possuía. Ela não mantinha nem as lembranças remotas do olhar súbito daquele ser residente em sua retina.
Seus lábios brilhantes, naturais, vermelhos, artificiais apertavam-se um no outro incoercíveis, indescritíveis, desejosos e enlouquecedores. Aquela boca não aguardava. Sim, aquela boca desejava a outra boca, que não encontrava-se ali, entre tantas bocas falantes, caladas, ansiosas, cheias, vazias.
Suas mãos pequenas, inquietas desejavam tocar outras mãos, que não encontravam-se ali, entre tantas mãos aflitas, quietas, suadas, quentes, frias, indecisas, perdidas.
Suas pernas... desejavam enroscar outras pernas que não encontravam-se ali entre tantas.
Seu ventre fervia. Desejos. Desejos.
De repente seus olhos fixam-se. Seus cabelos não balançam mais. Seus lábios empalidecem. Suas mãos imobilizam-se. Sua mente – imaginação – estaciona.
Ela encontra aquele ser tão desejado. Ele a quer. Ela diz não.