Majal-San (post.)
-
A mulher abriu a boca; falou – reclamação. Parecia estar louca; xingou – difamação. Mas, isso não é o mais grave... Duro é proc...
Visualização de número:
Encontre / Find
quinta-feira, 27 de maio de 2010
REVIRAVOLTA
TERÇA-FEIRA CINZA
Quando chegaste
eu estava sorrindo
no carnaval da tua mente,
em pleno dezembro.
Quando partiste
eu fiquei chorando
nas cinzas dos teus olhos,
esses olhos tão negros.
Quando sorriste
minha sala estava limpa
nas teias dos teus pensamentos.
Quando chorei
teu quarto estava alagado
na sequidão da minha língua.
Quando gritaste
eu fui o menino
agarrado em tuas vestes
cobrando a presença.
Quando calei
tu foste a senhora atrevida
com um golpe fatal
cobrando a palavra.
Quando sorri
tu foste a madrasta má
relembrando a ausência.
Quando voltares
serei o alvo perfurado,
e o espaço, e a seta,
e a seta crava.
Mole, bate. Seca e dura, parte.
terça-feira, 25 de maio de 2010
CONTATO
beijo na testa
aperto de mão
Todos falam...
um olá
um conselho
Todos me vêem...
uns atestam
outros ao chão
Alguns me olham...
um piscar
um espelho
Seus olhos tão perto
Você tão distante.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
NÃO PRECISAMOS DE RIMAS
Quando olhaste nos meus olhos
Do meu lado o silêncio se fez
Quando partiste ao continente
À deriva fiquei mais uma vez
Fiz-me poeta a partir desse dia
Jorraram versos, afogaram-se rimas
E eu decidia tão divergente
Ignorar o que tanto estimas
Velhas estrofes visitaram os meus dedos
Presenciei que o mundo não está são
Mas partiste uma vez decidida
E me largaste em silêncio na estação
Tão decidida querias um dia esse mundo
Tão decidida um dia meus olhos fitaste
Tão decidida aceitaste esse imundo
Tão indecisa um dia as rimas quebraste.
quarta-feira, 19 de maio de 2010
INACABADO
Esses teus dissimulados olhos
Deixam-me inepto tal qual menino
Diante do seu primeiro brinquedo;
Risonho, bisonho, tristonho, sem tino.
Esse teu astuto, porém, lindo sorriso
Deixa-me tonto, incapaz de escolher
O correto do duvidoso, a razão da emoção;
Esses teus olhos tão perto dos meus...
Esse teu sorriso tão claro, - o óbvio.
Esses teus olhos tão distantes do coração
Tornam o meu sorriso tão triste e pacóvio.
E assim: olhos fitados intensamente,
Corações separados definitivamente.
A vida nos leva privando-nos d'uma emoção.
PRESSÁGIO
para residir em teus sonhos
Pisando em teus passos
para me encontrar nos teus caminhos
Perfurando o teu sexo
para suspirar em teus orgasmos
Passeando na tua memória
para eternizar o teu esquecimento
Os sonhos voltarão
Os passos irão seguir
Os caminhos - a exaustão
O sexo irá queimar
Os orgasmos findarão
A memória irá sumir
Efetivando um sentimento vão.
C O N T R A D I Ç Ã O
Eu sou quem sou
Eu finjo sentir
Tu pensas que sabes
Tu finges mentir
A verdade transborda
O brilho dos olhos incandesce
As palavras contradizem
Nem tudo é o que parece
Eu finjo que sou
Eu tento sentir
Tu pensas que fazes
Tu finges fugir
A fuga incomoda
A verdade aparece
O brilho dos olhos ofusca
A ação que se esquece.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
RECEITA I
Quando o bolo sola
Na sola do sapato resta
O resto do solo que gruda
Na sola de tudo que só lá tem base.
O bolo pode até feder
Mas vamos devagar alfabetizar
O B, o C, o F, o D
E tudo, bah! base.
RECEITA II
Serpente sem-vergonha
Maliciosa em seu olhar
A fatalidade da peçonha
Escondida em seu soprar
Serpente à espreita
Perigosa à minha procura
Os segredos da receita
Escondidos na loucura
A loucura da serpente
É a presa estar distante
No egoísmo que ela sente
O alívio do instante
É ter a presa permanente
Ao dispor da serpente tão amante.
REPETIÇÃO
O meu sim permanecerá
mesmo que para ti não seja.
O não para mim continuará
mesmo sendo o sim para tantos.
O adequado para a regra
continuará para mim o oposto
mesmo sendo a verdade para tantos.
A mentira para mim
por tantas vezes dita
verdade será para ti.
POBRE CONDE
A pedra que bateu o meu pé
machucou o meu gesto
A flecha que furou minha mão
danificou minha ação
O grão que tocou meu palato
tornou-se indigesto
A seta que penetrou o meu céu
dirigiu-me ao chão
O degrau que machucou meu tendão
fraturou o meu ego
A estaca que atravessou o meu peito
preencheu este vão
O cisco atrevido dos teus atos
deixa-me cego
A luz do sol dos teus olhos
converte-me em carvão.
PESADELOS
A insônia insiste em perturbar
meu velho e “abostado” corpo.
Isso rolo com alguns membros ativos,
outros não.
O istmo em meu pesadelo penetra a água.
A península molha-se à procura do clímax.
Adentra feito pênis a umidade
quase que intensa e nada.
Nada.
Insistente perturba a insônia
o meu “enfezado” corpo.
Isso rola os meus membros inativos.
OLHOS E LÁBIOS
Não vá agora!
Lance esses mísseis...
Acenda esses faróis...
Serei o alvo,
Estarei em foco.
Ah! esses teus olhos...
Não vá agora!
Molhe o seco...
Aqueça o frio...
Serei o poço,
Estarei à espera.
Ah! esses teus lábios...
Não vá embora!
Jogue esse olhar
em quem te implora.
Não vá embora!
Prove essa língua
de quem te implora.
Agora! Adora! Embora...
Aflora! Senhora! é hora.
JOGO VITAL
A persistência da falsidade é letal
Olhares penetrantes além do exterior
Línguas destruidoras além do oral
E a aceitação se torna indolor
Invasor detrito poluído
Das ações e reações alheias
O íntegro momento é esquecido
Falsidade – destruição é que anseias
A atitude egoísta é nojenta
Olhares, palavras, gestos mesquinhos
Imaginemos nesse selvagem jardim quem agüenta
Plantar, cultivar ou colher sem se ferir nos espinhos.
NÃO HÁ RETORNO
Rosas murcharam, caíram as pétalas.
Risos fecharam-se, surgiram as mágoas.
Flores secaram, dirigiram-se ao caule.
Beijos quebraram-se, derreteram-se às raízes.
Livre-arbítrio
Impotente passageiro
Desse estranho universo,
Apenas observando o controle
De outros a outros.
Que entre meus dedos escorre
Para o governo insano,
E o descontrole mundano
De outros e outros.
RODEIOS CONTRÁRIOS
Os hipócritas novamente me rodeiam
Desta vez com os olhos desvendados
Eles não enxergam a candeia
Mas ela os deixa irritados
Essa luz é o meu silêncio irritante
Que penetra a surdez dos desgraçados
Ilumina a ignorância tão cortante
Desses loucos germes condenados
Os atacantes avançam fulminantes
Insanos, sem visão, sem audição
O que importa é o eloqüente inconseqüente
Avantes fulminante os atacantes
Loucos, cegos e surdos nessa ação
Despreocupados com a conseqüência indecente.
UM OUTRO TOQUE AMERICANO
Ó América
Sorridente
Sensual
Displicente
Tão mortal
Por que sumiste?
Ó América
Complicada
Desleal
Desejada
Tão real
Por que sumiste?
Ó América
Excitante
Suficiente
Deslumbrante
Tão mortal
Por que sumiste?
Ó América
Reluzente
Maioral
Estridente
Tão real
Por que sumiste?
Dengosa
Colossal
Gostosa
Tão mortal
Por que sumiste?
Ó América
Inspiradora
Jovial
Conspiradora
Tão letal
Por que sumiste?
Ó América
Caliente
Natural
Permanente
Tão a “tal”
Por que apareceste?
quinta-feira, 13 de maio de 2010
s o l i d ã o
A cama é sua
O coma é meu
A água, o vinho
A águia vinha
O passo longo
No paço estrondo
A sorte é tua
A morte minha
O quarto é seu
Sou o terceiro
Os filhos teus
O frio meu.
PAGA À PULHICE
Antílopes encobertos ou camuflados,
Caras capitais, ânsia ao consumo,
Vozes orgasmáticas, enjoadas...
Fofocas despercebem as músicas piegas.
Rapazes delicados pacientes na fila,
Óculos escuros escondem a maldade,
Face fechada, o dinheiro não chegou.
Fofocas superam o “chá de espera”.
I n é d i t o
quarta-feira, 12 de maio de 2010
SEM DESTINO, MAS INTEIRO
Induzindo esses olhos ao pecado
Derretendo aço em frios atos
Inspirando em prescrição médica
Acho que seguirei a mariposa
Nela não cairei perdido
Ela fugirá dos meus dedos
Impedindo a ação correta
Desse ser vulnerável e insano
Insana inscrição nesse curso
Acho que seguirei o curso
Nocauteador da esperta mariposa
Ela não quebrará meus dedos
Inquietos meus olhos serão
Doidas ações não derreterão
Inspirações férreas e frias
Acho que seguirei a mariposa
Nas asas dela viajarei sem destino
Enquanto desejas os meus dedos.
MISTÉRIO
Um mundo gira na cabeça
do meu amigo à direita.
Nem a poesia decifra
o seu pensamento no momento.
Lembranças, futuro, o que o fere?
Algo. Eu sei.
O quê? Não sei.
Enquanto o barulho ensurdecedor à esquerda
um silêncio estridente à direita.
Pensei que a poesia revelasse...
...mas o seu pensamento só ele.
VISÃO
Com os olhos ao infinito – cegos,
Rebuscarei palavras jogadas – não perdidas.
Induzirei meus próprios instintos poéticos
Sem preocupações com métrica ou rima à poesia.
Tatearei um novo poema (já que estou cego),
Imaginarei teu inédito declamar – não sou surdo,
Atiro-me ao infinito – busco palavras,
Navego nesse mar literário, tento
E consigo dizer em poesia: Feliz Aniversário.
CÓDIGO II
Como esquecer tão de repente?
Esse olhar provocante
Essa voz inebriante
Esse toque excitante
O desejo do teu beijo
Como aceitar?
A tua distância
O teu desvio
A tua indiferença
O meu incontrolável arrepio
Como tão de repente esquecer?
Olhar
Voz
Toque
Desejo – beijo
Como aceitar?
Distância
Desvio
Indiferença
Descontrole – arrepio.
HESITANTE
Pego. Não pego. Mordo. Não mordo.
Será que devo apenas espiar o bonde?
Pego. Não pego. Tomo. Não tomo.
Será que devo apenas olhar a dose?
Pego. Não pego. Bebo. Não bebo.
Será que devo apenas espreitar a cicuta?
Pego. Não pego. Morro. Não morro.
Será que devo apenas espionar a polpa?
Pego. Não pego. Mordo. Não mordo.
Será que devo apenas sondar o pecado?
Peco. Não peco. Pago. Não pago.
EXCURSÃO INTERNA
Viaja em mim
Passeia em meus pulmões
Passeio sem fim
Viajo em minha mente
Viagem sem fim
Passeio em tua mente
Passeias enfim
Nessa fumaça - pensamento
Nesse sangue - triste fim
Nessa mente - sofrimento
Passeias em mim
Estaciona em minha paralisação
Está ansiando (em) me destruir
Estacionas por fim nessa ação
Estás querendo me demolir.
terça-feira, 11 de maio de 2010
VIVENTE
Com diferenças
Seres humanos
Sem diferença
Quero agora
Não tem
Querem agora
Não há
Diferenças infinitas
Indiferença sem fim
Momentos sem regras
Momentos sem definições
Agora, ontem, sempre
Divergências, humanos
Irmãos – inimigos
Instintos sem tino.