Naquela
mente articulavam-se planos ecléticos para um breve futuro. Seus olhos, naquele
momento, observavam apenas a infinita estrada que à sua frente apresentava-se.
Seus lábios cerrados e o semblante birrento mostravam a ira que trazia há
tempos.
Seu corpo ocupava
desconfortavelmente uma das poltronas de um transporte coletivo, transporte
esse que o conduzia todos os dias ao seu local de trabalho. Aquele rapaz, de
certa maneira, num desses trajetos à empresa na qual trabalhava, deixou transparecer
um de seus desejos diversos, ou um de seus planos mutáveis que até aquele
momento era oculto; desejava ele no seu transporte, em alta velocidade, capotar
por diversas vezes e depois explodir. Todos ao conhecerem seu desejo absurdo
passaram a repudiá-lo.
Numa quinta-feira fria de
agosto, naquele labirinto de concreto que era a sua cidade com prédios imensos,
cheia de antenas e redes elétricas, numa longa avenida congestionada, com
buzinas atordoando os tímpanos, vinha lentamente um coletivo lotado e nele
havia um rapaz ranzinza, solitário, sentado desconfortavelmente numa poltrona.
Parecia nesse momento que o coletivo encontrava-se vazio, pois, nenhum ser
humano dirigia-se àquele solitário desconfortável da poltrona dianteira. Em sua
mente com certeza passavam planos ou desejos macabros.
E de súbito, ao tentar cruzar
a linha férrea, aquele coletivo foi atingido violentamente pelo trem cruel;
pedaços do ônibus espalharam-se naquela extensa avenida.
– Todos mortos! –
Disse um dos curiosos que ali observavam o acidente. Depois que muito
analisaram, um sujeito foi visto desconfortavelmente levantando-se do esgoto,
era ele, sujo e resmungando:
– Vou chegar atrasado, droga!
(Majal-San)